Seus discursos, sua voz e sua imagem se tornaram um dos mais marcantes símbolos da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. O reverendo Martin Luther King Jr, que faria 90 anos neste dia 15 de janeiro, ecoa na produção literária recente. Duas jovens autoras conquistaram reconhecimento do público e da crítica com livros que fazem refletir sobre o racismo e o preconceito num momento em que ideias conservadoras ganham impulso em todo o mundo.
Foi na poesia que a americana de origem dominicana Elizabeth Acevedo deu voz à menina-poeta que vive as dores e as maravilhas de se descobrir uma mulher latina. As descobertas e agruras da protagonista Xiomara Batista, a poeta X, que dá nome ao livro, são contadas em seu diário, na forma de poemas. E ela vai descobrir todo o poder de suas palavras ao entrar para o clube de poesia da escola. “Quando a aula começa, a Sra. Galiano passa um vídeo: / uma mulher no palco, a voz baixa. / depois, mais alta, mais rápida, como um trem disparando pelos trilhos. / A poeta fala sobre ser negra, sobre ser mulher, / sobre como os padrões de beleza a fazem pensar que não é bonita. Eu não respiro por 3 minutos inteiros”.
Angie Tomas fez da sua revolta literatura. Inspirada num caso real de um jovem negro inocente assassinado pela polícia, Angie escreveu “O ódio que você semeia” sobre Starr, menina que testemunha a morte de seu melhor amigo por um policial. Ela vive os dilemas de morar num gueto e estudar numa escola onde a maioria dos alunos é branca. O livro deu origem ao filme de mesmo nome que estrou no Brasil em 2018. “Papai me disse uma vez que tem uma fúria que é passada para todos os negros pelos ancestrais, gerada no momento em que eles não conseguiram impedir que os donos de escravos machucassem suas famílias. Papai também disse que não tem nada mais perigoso do que a hora em que essa fúria é ativada”.