Com uma longa lista de premiações colecionadas ao longo da sua intensa e renomada carreira como compositor, músico e escritor, Nei Lopes agora figura entre os dez finalistas do Prêmio Oceanos 2019. A obra “O preto que falava Iídiche” (Record) está entre os nove romances escolhidos e um livro de contos – são cinco autores brasileiros, quatro portugueses e um angolano.
O júri destacou a capacidade das obras finalistas de associar a qualidade às questões contemporâneas e foram destaques narrativas que tratam dos temas da desterritorialização, da inquietação existencial e da sexualidade. O livro vencedor receberá R$ 120 mil; o segundo colocado, R$ 80 mil, e o terceiro, R$ 50 mil, com os livros de diferentes gêneros literários concorrendo entre si.
Considerado uma autoridade em cultura e história afro-brasileira, Nei Lopes publicou mais de 35 livros, entre romances, contos, dicionários e enciclopédias. O autor recebeu o 58º Prêmio Jabuti nas categorias Melhor Livro de Não Ficção e Livro do Ano, conquistado com o Dicionário da História Social do Samba (Civilização Brasileira), com coautoria de Luiz Antonio Simas.
“O que preto que falava iídiche” é considerado o mais ambicioso romance de Nei Lopes e fala sobre o encontro de duas comunidades degredadas no Rio da primeira metade do século XX: negros e judeus.
A partir do relacionamento apaixonado, fortuito e proibido do preto inteligentíssimo Nozinho, que falava até iídiche, com a bela e branca judia Rachel, o romance enlaça as vivências e memórias de suas origens com as de outro grupo historicamente marcado pelo racismo, o das comunidades judaicas. E o faz, como sempre, associando leveza e humor a reflexões profundas sobre arte, religiosidade e costumes. Da Praça Onze carioca ao East River nova-iorquino, passando pela Bahia, Porto Alegre e a distante Etiópia, o autor nos conduz por uma viagem fantástica.
O autor propõe uma saga realista e alegórica sobre uma das formações possíveis do povo brasileiro.