Novo selo Amarcord começa com festa em Paraty

28/11/2023 1734 visualizações

O Grupo Editorial Record lançou em Paraty, na Casa Record, seu novo selo editorial, o Amarcord. O coquetel de lançamento do selo contou com a presença de personalidades do mundo literário e da escritora trans madrilena Alana S. Portero, uma das atrações da programação oficial da Flip e que está inaugurando o Amarcord com seu romance de estreia. Mau hábito, aclamado como livro de 2023 na Espanha, é o primeiro do novo selo do Grupo Editorial Record que vai se dedicar a obras de narrativas incomuns. A Casa Record contou com o apoio do Papel Pólen.

Sempre vestida de preto, Alana S. Portero circulou entre os convidados na Casa Record despertando atenção e conversando em espanhol e inglês. Aos muitos que se desculpavam por não falar bem espanhol, Alana gentilmente dizia que ela é que lamentava não saber português. “Seria um sonho que Mau hábito chegasse ao Caetano Veloso, adoro a participação dele em Fale com ela, do Almodóvar”, comentou a autora, que, com seu livro, virou queridinha do cineasta espanhol.

O diretor editorial do Grupo Editorial Record, Cassiano Elek Machado, que idealizou a linha editorial do novo selo, justificou a escolha do título de estreia do Amarcord pelo tom memorialista. “É uma característica que está presente tanto no livro da Alana quanto no filme do Fellini”, comparou Cassiano. Ao lado de Mau hábito, o selo publica nesta leva inicial outro romance de estreia, três tigres tortas, de tatiana nascimento (com minúsculas mesmo), autora finalista do Prêmio Jabuti em 2022 na categoria poesia, e o clássico Drácula, de Bram Stoker, traduzido pelo escritor Lúcio Cardoso (1912-1968).

Amarcord, que faz uma piscadela em homenagem a Fellini, diretor do filme homônimo, presta tributo à imaginação, à criatividade, à inquietude, às narrativas incomuns. Amarcord pode ser um clássico há muito adormecido na estante ou uma fábula contemporânea sobre o sentimento de inadequação com o corpo. Os primeiros títulos do selo poderão ser degustados na Casa Record, em Paraty, durante a Flip.

O time da leva inicial de lançamentos inclui a espanhola Alana Portero, uma das atrações internacionais da Flip 2023, a brasileira tatiana nascimento, em sua estreia como romancista, Ken Kesey, Bram Stoker com Lucio Cardoso – não falamos que tinha clássicos? – e o portenho Michel Nieva.

Mau hábito, de Alana S. Portero

O romance do ano de 2023 na Espanha, que se tornou um fenômeno editorial mundial, alia o universo kitch de Almodóvar a relato cru e poético. Narrado em primeira pessoa, Mau hábito nos apresenta a vida de uma menina que vive em um corpo que está aprendendo a habitar.

Acompanhamos a protagonista, desde sua infância em um bairro de trabalhadores devastado pela heroína na Madri dos anos 1980, até sua juventude nas noites clandestinas dos anos 1990. Inventora de um universo criativo único, em que convivem teatro, história clássica e ativismo, Alana S. Portero, mulher trans, faz sua estreia na ficção, com este romance deslumbrante que se tornou um fenômeno internacional mesmo antes de sua publicação.

Inventora de um universo criativo único, em que convivem teatro, história clássica e ativismo, Alana S. Portero, mulher trans, faz sua estreia na ficção, com este romance deslumbrante que se tornou um fenômeno internacional mesmo antes de sua publicação.

 

três tigres tortas, de tatiana nascimento

Finalista do Jabuti de poesia de 2022, tatiana nascimento convoca a pensar outros futuros em sua estreia na prosa literária. Quais histórias guardam as mulheres-tigres, as mulheres-tortas, as não-tão-mulheres-assim? Histórias sobre as entendidas; as humanas-baleias; aquelas que sabem dos segredos dos múltiplos chás ou do peso onírico das profecias.

Assim como as histórias de Tatiana Nascimento em três tigres tortas, que reúne cinco contos escritos ao longo das duas primeiras décadas do século 21. Movidos pelo desejo da ruína, os textos propõem novas formas de existir, de se relacionar e de se expressar.

A escritora e tradutora Natalia Borges Polesso, no prefácio deste volume, registra que “três tigres tortas […] convoca ao exercício da ficção, do prognóstico, da cisma. Com uma linguagem ágil e escorregadia, entre trilhos descarrilhos pedra lisa e outras teorias, a contista nos lança em um mundo a aprender”.

 

Drácula, de Bram Stockler, traduzido por Lúcio Cardoso

Na estreia do selo literário Amarcord, Drácula, de Bram Stoker, traduzido por Lúcio Cardoso, é reapresentado ao público brasileiro em edição especial, ilustrada e com capa dura. Um dos maiores clássicos do terror gótico e da literatura universal, Drácula, de Bram Stoker, é responsável por concretizar no imaginário coletivo o vampiro moderno. Utilizando-se do artifício de cartas, diários e telegramas, Stoker dá voz a Mina Harker, Jonathan Harker, John Sweard, Lucy Westenra e ao dr. Abraham Van Helsing, seus célebres personagens, responsáveis por transmitir a gerações de leitores a história do terrível conde.

A tradução de Lúcio Cardoso, um dos mais importantes escritores e poetas brasileiros, é um deleite à parte. Somado a isso, esta edição especial apresenta lustrações digitais do também premiado artista gráfico Gustavo Piqueira, que se baseou em frames da primeira adaptação da história para as telas, realizada em 1931 pelo cineasta Béla Lugosi.Leitura imperdível para todos, de colecionadores a curiosos.